12/05/2024 às 10h16min - Atualizada em 12/05/2024 às 10h16min

Mães se tornam empresárias em busca de flexibilidade e tempo de qualidade com os filhos

Para conciliar os cuidados com os filhos e a dedicação à carreira, muitas mulheres decidem abrir suas próprias empresas

Michelle Farias - Pauta Real
A empresária Milena Seabra e o filho, Gabriel (Foto: arquivo pessoal)
“Hoje tenho certeza que a maternidade ressignificou os meus planos e renovou o propósito da minha vida”. A frase é da empresária Milena Seabra, que decidiu deixar um trabalho com carteira assinada para abrir sua própria empresa e ter mais tempo para acompanhar o crescimento do filho, Gabriel, de apenas dois anos.

“Após concluir o ensino médio, tive a oportunidade do primeiro emprego, em 2014, como jovem aprendiz na área de Recursos Humanos. Fui efetivada e me especializei em Recrutamento e Seleção, onde trabalhei durante 10 anos, lá tive realizações tanto pessoais quanto profissionais”, contou.

Desde a infância Milena era encantada pelo trabalho feito à mão, criava coisas com papel, tesoura, fitas e panos. Na adolescência aprendeu a costurar feltro à mão sozinha e vendia lembrancinhas para festas infantis para ajudar os pais. Ao perceber as habilidades da filha, o pai a presenteou com sua primeira máquina de costura. Com o auxílio de tutoriais na internet ela aprendeu a confeccionar roupas, bolsas, necessaires.


“Durante a gestação do meu filho, fiquei encantada com a maternidade, fiz alguns cursos e costurei todo o seu enxoval dele, porém, me sentia muito preocupada e me via sem uma rede de apoio direta, além do meu marido. Nasceu uma vontade de empreender, mas me sentia muito insegura, porém a vontade de estar mais próxima do meu filho, participar ativamente do seu desenvolvimento, cuidar dele e acompanhar cada nova etapa, desde a introdução alimentar, foi maior e comecei sozinha, sem entender muito sobre empreendedorismo e com o insight de confeccionar enxovais de bebe”, relembra Milena.

A empresária então criou uma página no Instagram, a @afetoenxovais, e iniciou a divulgação do seu trabalho. Quando as primeiras encomendas chegaram ela teve a certeza de ter feito a escolha correta. 

“Me senti realizada e próxima do meu sonho de poder ficar mais próxima do meu filho. Após o nascimento dele, os primeiros meses foram desafiadores, pois precisei conciliar os cuidados com o berçário, meu trabalho CLT e à noite em me dedicada a confecção dos enxovais. Muitas vezes, virava a noite, mas me sentia impulsionada no futuro em que poderia pedir demissão e abrir minha microempresa e ser presente na vida do meu filho, era a minha maior motivação”, explicou.

A decisão de deixar o trabalho CLT foi bem planejada. Milena se dedicou a cursos sobre enxovais de bebês, investiu em um e-commerce, organizou fluxos de trabalho e começou a preparar o estoque de materiais, criou catálogo, embalagens. 

“Todos os dias eu buscava motivação no meu filho e a vontade de ser uma mãe presente era maior, nada mais era importante, nem a carreira de 10 anos em RH”, afirmou.


Até que chegou o momento em que os pedidos para enxoval de bebê se acumularam, foi quando ela percebeu ser o momento de pedir demissão. Na própria casa ela montou um maquinário e com o apoio de uma colaboradora e do marido, confeccionou as peças.

“Está sendo desafiador, mas extremamente gratificante. A nossa renda aumentou muito, e o mais importante é que eu me sinto profundamente realizada por ter encontrado uma oportunidade de trabalhar com algo que amo, algo que sempre fiz desde criança, e por ter a flexibilidade para cuidar e acompanhar de perto o desenvolvimento do meu filho em casa, que considero o maior benefício que o empreendedorismo me trouxe”, concluiu Milena. 
 

“Meu maior ganho foi poder participar integralmente da vida dos meus filhos”



A social media Mariana Aires, mãe de Miguel, de 13 anos; Noah 13 anos e Calebe de três  anos, tinha uma rotina de trabalho em uma operadora de saúde que consistia em sair de casa antes das 7h e só retornar à noite. O horário não permitia que ela participasse de atividades simples do dia a dia dos meninos.

A partir do nascimento de Calebe ela percebeu que não queria mais esse modelo de trabalho e decidiu então empreender. A transição ocorreu durante a pandemia da Covid-19, em meio às demandas dos outros dois filhos. Mariana conta que o desejo de empreender já existia, mas faltava coragem para dar os primeiros passos.

“O nascimento dele foi o empurrão que eu precisava, então eu abri uma agência. Eu já trabalhava como social media na operadora e tinha alguns freelas. Com o nascimento de Calebe eu decidi abrir empresa, tudo certinho. Eu recebi muito apoio da minha família, principalmente do meu esposo, que ficou com toda parte burocrática”, explicou.

No início ela teve medo do novo, de deixar o salário fixo no fim do mês e todos os benefícios oferecidos pela empresa. “Senti muito medo de não conseguir pagar as contas, mas foi a melhor decisão que eu tomei. Hoje o meu ganho mensal é bem superior ao que eu tinha na empresa, mas sem dúvidas o maior benefício não foi financeiro, foi estar em casa, foi acompanhar os meninos em coisas simples, como levar e buscar na escola, participar dos trabalhos escolares, ter tempo de qualidade, almoçar em casa. Coisa simples do dia a dia, mas que eu não tinha e hoje valorizo muito”, contou. 

O mesmo caminho foi seguido pela administradora e servidora pública Sílvia Gabinio, mãe de Laura, de 11 anos, e Helena, de oito anos. Por muito tempo ela atuou na área, em empresas privadas, mas sempre mantinha o projeto de iniciar o seu próprio negócio para ter flexibilidade nos horários. 



“Logo depois da pandemia eu comecei a pensar, após trabalhar muito na linha de frente eu senti a necessidade de estar mais presente. Comecei a estudar o tema, auxiliando pessoas com compras on-line, e as coisas foram fluindo. Tive todo apoio do meu esposo. No começo ele me ajudava fazendo as contas e entregas. Até hoje quando eu preciso ele é o meu suporte”, contou.

Ela afirma se sentir feliz com a decisão por ter uma maior disponibilidade de tempo para ficar com as filhas e conseguido construir relações de amizade com suas clientes. 
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