13/05/2024 às 18h28min - Atualizada em 13/05/2024 às 18h28min

Empresário Roberto Santiago revela falência, desafios e planos de expansão do Manaíra Shopping

Roberto começou a trabalhar aos 12 anos, na indústria de torrefação de café Santa Rosa.

Michelle Farias - Pauta Real
Empresário Roberto Santiago Foto: Reprodução/CBN

Empresário de sucesso e responsável por gerar atualmente 9 mil empregos, Roberto Santiago já enfrentou grandes desafios. Poucos sabem que ainda no início da carreira ele vivenciou a falência da empresa familiar, porém, com o sangue do empreendedorismo correndo nas veias, persistiu, sempre motivado pelo exemplo e lições que recebeu do pai, Divaldo Nóbrega. Entre a venda de terrenos e até planejamento para investir na comercialização de caldo de cana, ele se tornou um dos maiores empresários da Paraíba. 

 

Roberto começou a trabalhar aos 12 anos, na indústria de torrefação de café Santa Rosa, inicialmente aprendendo os processos e posteriormente no gerenciamento, prestação de contas e compra do café. A família também mantinha uma indústria de cartonagem, grande sonho do seu pai. O primeiro “baque” aconteceu quando Roberto tinha cerca de 20 anos. A empresa da família faliu, após uma grande ascensão, a queda foi descrita pelo empresário como “faraônica”. 

 

“É um divisor de águas na minha vida, porque eu aprendi muito com o sofrimento. Meu pai era um gênio, a vida toda foi inteligentíssimo, empreendedor nato e quebrou por vários motivos, menos por falta de competência. Aconteceram várias coisas. Ele confiava muito nas pessoas e o roubo foi a base fundamental da quebradeira. Para se ter uma ideia, lá no café tinha um esquema em que todo mundo roubava, da pessoa que embalava ao café à que gerenciava. Era uma máfia”, revelou em entrevista ao Videocast Mercado em Movimento, da rádio CBN Paraíba. 

 

De uma vida abastada com direito a três motoristas e sete carros na garagem, Roberto experimentou privações, como não ter dinheiro para contas de água, energia e até alimentos. “Se fosse só o sucesso, não tenho dúvidas que eu não seria quem eu sou hoje”, avaliou. 

 

Venda de terrenos marca recomeço 

 

Foi uma herança da mãe que garantiu o recomeço da família. O pai conseguiu parte da terra com os irmãos da mãe de Roberto e ele começou a fazer loteamento na cidade de Santa Rita, mesmo sem nunca ter trabalhado na área. O objetivo principal, com cada terreno vendido, era garantir a feira de casa. No entanto, a competitividade era alta na região, o que fez o empresário perceber que precisaria fazer algo diferente para se sobressair. 

 

Roberto conta que o primeiro passo foi abrir seu escritório em um local de destaque no então Parque Solón de Lucena. Com o aumento das vendas ele passou a ser procurado para vender imóveis de terceiros, com pagamento de comissões. Ele então adotou uma política diferenciada de vendas e aumentou a comissão dos vendedores como forma de incentivo.

 

O passo seguinte foi comprar áreas em cidades do interior para fazer loteamento. Ele estima ter vendido 80 mil terrenos na década de 80. É em um dos loteamentos idealizados por Roberto que estão os terrenos onde posteriormente foi erguido o Manaíra Shopping.
 

Investimento no caldo de cana, quentinhas e galeria

 

Aos 28 anos, trabalhando todos os dias da semana e viajando pelo estado em busca de terrenos, Roberto já acumulava um patrimônio confortável, inclusive com investimentos no banco, foi quando decidiu que iria se aposentar. Antes, porém, precisava de algo que lhe garantisse renda para sua família. Entre as propostas estavam a venda de caldo de cana, uma fábrica de pipocas ou uma cozinha industrial para produzir marmitas.

 

Entre os planejamentos para iniciar o novo negócio, Roberto Santiago conheceu as casas premoldadas, fabricadas com blocos prontos. A intenção inicial era construir pequenas lojas no terreno onde atualmente está o Manaíra Shopping e viver com a renda dos aluguéis. Ao contratar o trabalho de um arquiteto, o plano inicial sofreu alterações e o que seriam lojinhas passou a ser uma galeria maior, inclusive com escada rolante. 

 

“Vamos fazer estudo do shopping e quando a gente olhou tinha duas alternativas: não fazer e continuar com tudo que tínhamos garantido, ou vender tudo, patrimônio, aplicações e construir o shopping”, lembrou. 

 

Paraibano apaixonado por sua terra, lhe incomodava o fato dos paraibanos terem que sair do estado para fazer compras no shopping de Recife. Aos 31 anos ele abriu as portas do Manaíra Shopping e, inquieto, com o sangue empreendedor pulsando nas veias, Santiago decidiu “aposentar” os planos de aposentadoria. 

 

Foi de uma ideia do empresário que surgiu a venda parcelada no cartão de crédito, impulsionando a venda dos lojistas. Outra atitude que causa orgulho em Santiago é ter sido pioneiro na abertura do shopping center aos domingos e feriados. No início enfrentou forte resistência dos sindicatos. “Não se acreditava que o domingo geraria vendas”, afirmou. 

 

O Manaíra Shopping tem atualmente 87 mil metros quadrados, com cinco ampliações e a sexta maior praça de alimentação do país. Na entrevista, Santiago anunciou que fará uma nova expansão.

 

A inauguração do Mangabeira Shopping e a crise financeira do país

 

Em 2010, com a economia brasileira em ascensão, Roberto Santiago iniciou o planejamento para construir o Mangabeira Shopping. As obras começaram em 2012 e o novo shopping foi inaugurado em novembro de 2014, com 87% das lojas alugadas. Cerca de um mês depois, o país mergulhou em uma crise financeira que fez com que alguns lojistas não conseguissem sequer inaugurar. 

 

Ele revelou ter sido difícil “segurar” o Mangabeira Shopping, ter perdido muito dinheiro com a crise de 2015, mas em nenhum momento pensou que não daria certo. “Eu sou muito parceiro do lojista. Se ele está perdendo dinheiro eu não posso ganhar”, avaliou. 

 

Quando questionado sobre possíveis arrependimentos, ele afirmou não tê-los. “Acertar é fácil, errar é muito mais difícil, porque o erro tem sequelas graves. Só que você não consegue acertar se não errar. De dez tiros que eu dou, oito eu acerto, os dois que errei fizeram parte do jogo. Você não pode só acertar. Meu pai me ensinou algo muito cedo: quem não sabe perder, não sabe ganhar”.

 

A sucessão na administração do patrimônio já é discutida. Os filhos, Renan e Marcela, já fazem parte da administração. Roberto conta que atualmente está viajando mais e com mais tempo para si mesmo, chega mais tarde ao escritório e não trabalha aos sábados. “Diminui mais o ritmo e consequentemente a preocupação. Só consigo fazer isso porque tenho uma equipe muito boa”, conta.

 

“Bolsa Família faz a economia girar”

 

Durante o videocast, o empresário afirmou ser a favor do Bolsa Família. “Sou altamente a favor. Muita gente recebe indevidamente, mas tem a lei para corrigir. Não vai deixar de contribuir com quem está precisando porque tem meia dúzia de vigaristas que está sendo beneficiado sem necessidade”, opinou. 

 

Ele ainda pontuou que a concessão do benefício social contribuiu para o desenvolvimento da economia nordestina.
 

“A gente sempre foi discriminado porque a gente era pobre, somos pobres em relação ao Sul. Alguns falam: tá dando dinheiro ao povo. Não está dando dinheiro ao povo, o povo precisa comer. Na hora que você chega no interior e joga dinheiro na mão de quem está precisando comer, essa pessoa compra pão, compra carne e esse dinheiro novo termina no manaíra shopping. O dinheiro circula”, avaliou Roberto.

 

O empresário também lembrou a campanha que encabeçou para recuperar a credibilidade do Hospital Padre Zé e o período em que custeou o pagamento dos salários dos médicos, o que, apesar de ter feito em sigilo, acabou se tornando público.

 

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