17/04/2024 às 10h30min - Atualizada em 17/04/2024 às 10h29min

Proposta de salário mínimo de R$ 1.512,00 em 2025: entenda a relação entre salário a inflação

Vitor Nayron

Vitor Nayron

Economia

No último dia 15, foi noticiada a proposta do governo do salário mínimo de R$ 1.502,00 para o próximo ano. O valor representa um reajuste nominal de 6,39% na comparação com o salário mínimo de 2024. O reajuste é composto pela previsão de 3,25% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e da previsão de crescimento de 2,9% do PIB. 

 

O INPC é o índice utilizado para a correção do poder de compra dos salários por meio da mensuração das variações de preços da cesta de consumo representativa da população assalariada. A necessidade de um índice específico para utilizar no reajuste do salário mínimo existe porque o IPCA (o índice inflação oficial do país) avalia o comportamento dos preços para uma cesta de consumo representativa de pessoas com rendimentos entre 1 e 40 salários mínimos. Entretanto, o INPC tem o objetivo justamente de apresentar um dado mais apurado para os 50%, aproximadamente, da população brasileira que tem a pessoa de referência da família assalariada. 

 

Nesse sentido, um ponto importante é entender o que é inflação e qual a relação entre o salário e a inflação e como você pode ser impactado. De forma simples, a inflação consiste no aumento contínuo e generalizado dos preços

 

Tendo como base o INPC, o IBGE, com base em pesquisas, formula uma cesta de consumo representativa para a população assalariada. Lembrando que o foco do INPC está nas pessoas que recebem entre 1 e 5 salários mínimos. Nesse sentido, os preços dos produtos que compõem essa cesta de consumo representativa para o grupo alvo é acompanhado mensalmente em algumas regiões do país. 

 

Diante desse contexto, quando o IBGE observa um aumento nos preços dessa cesta na comparação mensal, temos o fenômeno da inflação. Ou seja, a inflação não consiste no aumento apenas de um preço de um determinado produto, mas de forma geral o aumento da cesta. Logo, pode acontecer a situação de um determinado produto que compõe a cesta aumentar, mas o preço de outro produto diminuir. 

 

Mas agora você pode estar se perguntando como a inflação afeta a população e o porquê a inflação afeta de forma mais incisiva os mais pobres. Então, vamos lá! Uma pessoa que recebe um salário mínimo, ou seja, R$ 1.412,00 por mês, utiliza esse valor para alimentação, moradia, transporte etc. O desafio é grande, mas essa é a realidade da maioria dos brasileiros. 

 

A título de exemplo, vamos supor que um 1kg de feijão custe R$ 10,00. Com um salário de R$ 1.412,00, esse indivíduo consegue comprar, aproximadamente, 141 quilos de feijão. Por outro lado, se o preço do feijão passa de R$ 10,00 para R$ 12,00, agora, esse mesmo indivíduo só conseguirá comprar aproximadamente 118 quilos de feijão. 

 

Obviamente, ninguém utiliza o salário para comprar só feijão, mas o exemplo é justamente para entender o impacto da inflação na prática, que é a redução do consumo. Portanto, o aumento da inflação implica em uma redução no nível de consumo dos indivíduos e das famílias. É por esse mesmo motivo que tanto se fala que a inflação impacta os mais pobres. 

 

Se um indivíduo tem um nível de renda maior, mesmo com o aumento nos preços de produtos mais básicos como alimentos e transporte, o impacto não é tão grande, uma vez que há mais renda disponível para consumir. Mas, se uma pessoa possui apenas um salário mínimo de renda, o aumento no preço de produtos mais básicos como alimentos e transporte têm um impacto grande no consumo. 

 

Diante disso, é que existe também o conceito de aumento de salário nominal e salário real. Quando o governo anuncia a intenção de reajustar o salário mínimo em 6,39% esse é o aumento nominal, pois não está desconsiderando a inflação. O aumento real seria justamente 2,9%, ou seja, é o aumento desconsiderando a inflação, de forma simples. 

 
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