03/09/2024 às 17h51min - Atualizada em 04/09/2024 às 08h00min

Inflação

Escrito por: *Raiane Rodrigues, doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Economia na Universidade Federal da Paraíba (PPGE/UFPB), mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Economia na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PPE/UERN), graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

LABIMEC

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A coluna "Radar Econômico" compartilha análises e reflexões sobre o cenário econômico atual, escritos por pesquisadores do LABIMEC da UFPB

Raiane Rodrigues

A inflação é um dos principais indicadores econômicos observados pelo mercado, governo e população, e sua trajetória impacta diretamente a economia do país e o dia a dia dos brasileiros. Ela é calculada por meio de índices de preços produzidos pelo IBGE, sendo os principais o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Ambos têm o propósito de medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos pela população, abrangendo famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos e de 1 a 5 salários mínimos, respectivamente.

 O aumento generalizado dos preços de bens e serviços, cria incertezas significativas na economia, desestimulando o investimento e comprometendo o crescimento econômico. Com a elevação dos preços, as distorções nos preços relativos se intensificam, gerando ineficiências que dificultam a avaliação correta de custos e valores, tanto para consumidores quanto para empresas. Isso torna mais difícil determinar se um produto ou serviço está caro ou barato. Além disso, as camadas mais vulneráveis da população são as mais afetadas, já que têm menos acesso a instrumentos financeiros que poderiam protegê-las contra a alta dos preços.

Quando persistente, a inflação corrói o poder de compra dos consumidores, fazendo com que seja necessário mais dinheiro para adquirir os mesmos produtos e serviços. Isso resulta na deterioração do valor real dos salários, ou seja, mesmo ganhando a mesma quantia nominal, as pessoas compram menos com o dinheiro que recebem. Além de afetar o orçamento das famílias, a inflação precisa ser considerada na tomada de decisões financeiras, seja no planejamento de investimentos, na adequação do orçamento familiar ou na preparação para possíveis mudanças nas taxas de juros.

Ao observar os dados oficiais referente ao mês de julho de 2024, o IPCA foi de (0,38%). Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em julho. As maiores variações vieram de transportes (1,82%), sendo a variação da passagem aérea (19,39%) acompanhada da gasolina (3,15%). Na sequência, veio o grupo habitação (0,77%). E destacamos a queda no setor de alimentação e bebidas (-1,00%).  

Em relação ao mês de agosto, temos uma prévia da inflação divulgado pelo IBGE o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), registrou uma variação de 0,19% em agosto. Este resultado podemos observar uma desaceleração em relação ao mês anterior, um dos fatores que mais influenciou essa desaceleração foi a queda nos preços dos alimentos para consumo no domicílio, que recuaram (-1,30%).  Por outro lado, a alimentação fora do domicílio apresentou uma alta de 0,49%, o que pode sinalizar uma mudança nos hábitos de consumo das famílias ou a pressão de custos específicos no setor de serviços.

Ainda em relação ao IPCA-15, no grupo de transportes, o destaque foi o aumento de 3,47% nos preços dos combustíveis, que impacta diretamente o bolso dos consumidores, por meio dos custos para transportar mercadorias e insumos, igualmente os serviços de transporte público. É importante destacar que o índice oficial de inflação de agosto, o IPCA, será divulgado em 10 de setembro, o que poderá confirmar ou ajustar as expectativas em relação ao cenário inflacionário brasileiro.

Dessa forma, os resultados sugerem que, embora a inflação ainda seja persistente, há sinais de desaceleração, o que pode indicar uma estabilização dos preços no médio prazo. No entanto, fatores como a volatilidade dos preços de alimentos e energia, além das condições climáticas e econômicas globais, continuam a representar desafios significativos para o controle da inflação.

Conheça a autora

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Raiane Rodrigues é doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Economia na Universidade Federal da Paraíba (PPGE/UFPB). Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Economia na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PPE/UERN). Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Suas pesquisas são direcionadas a macroeconomia e econometria. Possui publicações de artigos científicos em eventos e revistas nacionais.
 
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